quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Assembléias Duvidosas


O QUE É UMA ASSEMBLÉIA DE BASE:


Assembléia Geral é o fórum máximo de uma organização. O poder da Assembléia Geral está acima de qualquer instância.

Diretoria Executiva de uma organização é o grupo que executa tudo o que for decidido pela Assembléia Geral e faz com que seja cumprido o estatuto, sempre de acordo com a Ética.
Alegando dificuldades, devido à distância entre as bases, no Unificado, as Assembléias Gerais foram transformadas em Assembléias localizadas em cada base. Esta pulverização da Assembléia Geral tem seus prós e contras. Oportunamente discutiremos este mecanismo de assembléias pulverizadas. Mas a pulverização conforme funciona no Unificado é extremamente prejudicial aos trabalhadores e favorece sobremaneira os diretores comprometidos com as propostas patronais, conforme se pode ver, participando destas reuniões.


É obrigação da Diretoria Executiva convocar a Assembléia e organizar toda a infra-estrutura, como espaço, som, etc. Esta Assembléia pode ser pedida tanto por diretores, como por quaisquer companheiros de base.


A ação da Diretoria Executiva cessa a partir do momento em que é declarada aberta a Assembléia. Neste momento, os cargos desaparecem, e deve ser escolhida entre os companheiros de base uma “mesa diretora”. Nos sindicatos onde não há manipulação, os diretores não aceitam participar da “mesa diretora”.

Ninguém tem direito de falar acima do tempo estipulado para todos os participantes, a não ser que isto seja posto em debate e aceito por mais da metade dos participantes.
Sempre se faz uma ata da Assembléia, escrita pelo secretário da “mesa diretora” (que não é da diretoria executiva), durante a reunião. Uma cópia desta ata, depois de assinada por todos os participantes é entregue aos Diretores Executivos, que aí declaram encerrada a Assembléia.

Quem tem participado das Assembléias de Base, deve ter percebido vários mecanismos de manipulação tais como:


- Não se faz ata da Assembléia


- Todos assinam apenas uma folha de presença, quase sempre ao iniciar a reunião.


- Não se elege uma mesa diretora entre os companheiros de base.


- Os diretores executivos dirigem a Assembléia, caracterizando a usurpação de poder de um subalterno (diretoria executiva) sobre o poder máximo (assembléia geral).


- Os diretores falam o tempo todo, “deixando” com que companheiros de base usem a palavra por alguns instantes. Este tempo é livre se o companheiro de base estiver defendendo a proposta dos diretores, mas se ele ousar falar contra, sua palavra será cronometrada e, há casos em que diretores ou “bate paus” começam tumultos para evitar que o companheiro seja ouvido pelos outros.


- Com a desculpa de darem informes, os diretores fazem longas defesas de sua tese ao iniciar a reunião com a dupla função de “vender seu peixe” e prolongar a reunião para fazer com que as pessoas se cansem e queiram encerrar a reunião, decidindo tudo sem se aprofundarem na análise da questão.



- Nos lugares em que se pratica a democracia operária, as coisas são decididas em mais de duas assembléias, para que se estabeleça um debate esclarecedor antes das decisões. No caso do PCAC da Transpetro, os trabalhadores desinformados decidiram sobre um assunto que representará muitos anos de suas vidas em apenas uma hora de Assembléia manipulada e mesmo assim a maioria não aprovou, por se tratar de uma decisão flagrantemente lesiva a todos. Mesmo sendo discurso único, a falação dos diretores não convenceu a maioria.


- O jornal do Sindicato, no mesmo esquema, também é manipulado, pois de fato ele é o jornal da diretoria. Todas as notícias e temas divulgados são da diretoria. Mesmo com mais da metade dos companheiros de base não aprovando o PCAC, não se vê uma linha sequer em qualquer dos boletins, questionando o acordo e isto é prova concreta de manipulação. Para alguém que pense diferentemente dos diretores conseguir divulgar suas idéias, terá de usar os meios que nós estamos usando (Internet) ou bancar a impressão dos boletins de oposição do próprio bolso, enquanto elles divulgam suas idéias usando o boletim, os funcionários, carros e diretores liberados e mantidos pela nossa contribuição. Os companheiros que lêem os boletins estão a par de um ponto de vista, o ponto de vista patronal, sem conhecerem o outro lado, porque os diretores são governistas e o governo é nosso patrão. Participam das Assembléias e decidem conhecendo só um lado do debate. Ou alguém ainda duvida disso?

Eloi Bernhard

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